Dallas recupera seus endereços para quem curte música ao vivo


Há um bairro ensolarado e de prédios baixos em Dallas onde os pioneiros urbanos estabeleceram uma zona livre de ostentação, tendo como fundo os arranha-céus reluzentes do centro. Deep Ellum - ‘Deep Elm’ em texano, o nome original do bairro - foi por muito tempo uma área operária desmazelada.

‘Nos anos 20 e 30, trabalhadores tomavam a linha ferroviária Houston and Texas Central aqui a caminho das plantações de algodão em Plano’, explicou Barry Annino, um empreendedor imobiliário local. ‘À noite, a área se transformava em um centro de jazz e blues.’ Mas ao longo dos anos, os trens desapareceram e a cena musical mudou. No final dos anos 90, artistas de punk e hip-hop transformaram Deep Ellum em um ruidoso clube central - até as novas leis de zoneamento fecharem os estabelecimentos.

Agora, uma nova vida está retornando, graças a novos trilhos: o trem leve Green Line da cidade, que foi inaugurado no ano passado, revigorou os moradores locais, que recuperaram velhos depósitos, os transformando em residências, e velhos estabelecimentos, que se tornaram novos endereços para os fãs de música ao vivo.

Brad Oldham, o escultor de Dallas que construiu as altas esculturas de aço ‘Traveling Man’ que foram erguidas em setembro passado, perto da nova estação do trem leve de Deep Ellum, frequentemente inicia suas noites, ao estilo família, no All Good Cafe (2934 Main Street; 214-742-5362; allgoodcafe.com), onde o palco baixo é emoldurado pela bandeira do Texas. ‘Nós fazemos parte do público que chega cedo’, disse Oldham durante uma recente visita. ‘Mas minha esposa e eu gostamos do All Good porque é autêntico, não é forçado. Nós podemos tomar uma Corona acompanhada do melhor frango frito da cidade, enquanto nossos filhos assistem a banda fazendo a checagem de som antes do show das 9h da noite.’ O frango custa US$ 11,99; artistas country regionais se apresentam nas noites de quinta a sábado.

Uma adição mais recente é o Tucker’s Blues (2617 Commerce Street; 214-744-2583; tuckersblues.com), de propriedade familiar, que abriu em setembro passado. As noites da semana são agitadas por bandas que tocam o blues do Texas em um clube com ares da época da Proibição.

Duas quadras ao norte, na Elm Street, o ronco das Harleys seguindo para os bares de motoqueiros se mistura aos sons do rock independente que emanam de pontos como o LaGrange (2704 Elm Street; 214-741-2008; lagrangedallas.com), uma ex-oficina que se transformou em um pequeno clube de música ao vivo em abril.

Do outro lado da rua, para aqueles que gostam de clubes mais tradicionais (maiores e mais barulhentos), uma referência de Deep Ellum, o Trees Dallas (2709 Elm Street; 214-741-1122; treesdallas.com), reabriu em agosto passado após uma reforma, recuperando seu velho atrativo.

‘Quem quer beber apenas para ficar bêbado?’ perguntou Gabe Sanchez, proprietário do Black Swan Saloon (2708 Elm Street; 214-749-4848; blackswansaloon.com), atrás de seu bar com 16 lugares, resumindo o novo espírito de Deep Ellum. E ele pratica o que prega: as frutas para seus drinques artesanais, como o HoneyDoMe, feito de vodca com melão (US$ 6), vêm do Dallas Farmers Market, que oferece produtos vendidos diretamente pelo produtor. Antes da inauguração do bar em abril, Sanchez retirou os revestimentos do piso para devolvê-lo às tábuas de carvalho originais.

‘É como o bairro’, ele disse. ‘Com um pouco de carinho, o verdadeiro espírito aparece.’
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